segunda-feira, 17 de maio de 2010

Impacto econômico de grandes eventos esportivos

O Rio de Janeiro sediará os Jogos Olímpicos de 2016. A justa comemoração foi seguida de grande expectativa quanto aos benefícios econômicos para a cidade e o país que seriam trazidos pelo evento. Mas também por dúvidas quanto à concretização desses benefícios. Afinal, os Jogos Panamericanos de 2007 não trouxeram maiores benefícios para a cidade, ao menos a olho nu. Além das Olimpíadas, o Rio sediará, em 2011, os Jogos Militares e o Brasil sediará a Copa do Mundo de Futebol de 2014, precedida pela Copa das Confederações em 2013. Assim, a cidade e o país terão uma seqüência incomum de grandes eventos esportivos, dos quais poderiam se beneficiar.
Mas é preciso ter em mente que os benefícios não são automáticos. Dependerão muito da maneira como os eventos serão preparados e executados. Existe uma literatura econômica que explora o impacto de grandes eventos sobre a economia de uma cidade, região ou país. Os estudos podem ser feitos ainda na fase de candidatura, para avaliar sua atratividade; na fase entre a aprovação da cidade e a realização do evento, como seria o caso de estudos feitos agora para o Rio de Janeiro; ou depois de realizado o evento, permitindo comparar os efeitos então calculados com as estimativas feitas anteriormente, que tendem a ser superestimadas. Por impacto econômico, entende-se impacto sobre PIB, emprego, comércio exterior, preços, salários e setores. Esse tipo de estudo permite aos organizadores e à população terem uma idéia mais clara dos efeitos econômicos dos eventos, o que geralmente não ocorre com a divulgação de números esparsos de investimentos, geração de empregos, fluxo de turistas etc, que não deixam bem claras, por exemplo, as distinções entre efeitos brutos e líquidos. A literatura citada acima não é conclusiva sobre a vantagem de se sediar grandes eventos, tendendo até a ser indicativa de ser mais provável esses eventos gerarem efeitos econômicos líquidos e de longo prazo negativos. Isso indica que efeitos econômicos positivos não decorrem necessariamente da realização do evento, mas dependem de como ele é realizado.