quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Renda interna bruta real, ganhos de comércio e termos de troca no Brasil de 1948 a 2016


Dois exemplos:

2010: PIB real cresceu 7,5%; RIB real cresceu 9,3%!
2015: PIB real caiu 3,8%; RIB real caiu 4,8%!


O Produto Interno Bruto (PIB) e a Renda Interna Bruta (RIB) são iguais num mesmo ano, em termos nominais. Quando, porém, se trata de PIB e RIB reais, aparece a questão de com qual índice de preço se devem comparar PIB e RIB para aferir a sua variação a preços constantes. Quando a variação real do PIB é calculada, deflacionam-se as exportações e importações pelos respectivos índices de preços. Como são eliminadas as variações de preço de exportações e de importações, elimina-se também a variação relativa entre eles, isto é, a variação dos termos de troca. Numa situação em que os preços dos produtos importados por um país caem, isso, claramente, permite que os habitantes desse país, com a mesma renda, comprem mais produtos: isto é, houve um aumento de renda real devido à melhoria dos termos de troca. Porém, como dito, esse aumento de poder de compra não é captado pela variação real do PIB. Para que esse efeito seja captado, é preciso recalcular a variação real, usando outro deflator para exportações e importações. É o que Pedro Américo e eu fazemos no artigo do link, que acaba de sair na Pesquisa e Planejamento Econômico, calculando os ganhos de comércio e a Renda Interna Bruta Real para o Brasil, de 1948 a 2016. O cálculo desse agregado macroeconômico é recomendado pelo manual internacional de contas nacionais, de modo que este artigo quer ser uma contribuição para o aperfeiçoamento das contas nacionais brasileiras. Em alguns anos, a variação do PIBR e a da RIBR se mostraram significativamente diferentes.