terça-feira, 29 de novembro de 2016

Juros e inflação


Texto meu, em co-autoria com Paulo Levy, com considerações sobre a política monetária atual no Brasil. Publicado no blog da Carta de Conjuntura do Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

"A questão 'por que os juros reais no Brasil são tão elevados?' tem ocupado os economistas brasileiros há algum tempo, especialmente desde que a redução da inflação, a partir do Plano Real, tornou mais transparentes os níveis da taxa real de juros. Em todo caso, a observação da evolução da taxa de juros real no Brasil nos últimos 20 anos deixa claro que houve queda significativa. Se aspectos estruturais ajudam a explicar porque a taxa de juros real no Brasil é mais alta que em outros países, entender os determinantes da taxa real de juros no curto prazo envolve, frequentemente, razões de caráter mais conjuntural. Assim, no momento em que o Banco Central (BCB) iniciou, recentemente, o processo de redução da taxa de juros (Selic), o ritmo dessa redução e a extensão do processo de queda tornaram-se relevantes, especialmente quando se constata que a atividade econômica ainda se encontra bastante deprimida. Mesmo com a queda esperada para a Selic ao longo de 2017, a taxa de juros real não deverá cair significativamente nos próximos anos, a julgar pela estrutura a termo da taxa real de juros. Outra pergunta importante, então, é: 'por que os juros reais não caem mais rapidamente?'; mas ela leva a outra: 'por que a inflação não cai mais rapidamente?'. A inflação vem caindo mais lentamente que o esperado, para o tamanho da recessão em curso, por dois motivos principais: um choque desfavorável sobre o preço dos alimentos no primeiro semestre do ano e uma inflação de serviços que tem se mostrado bastante resistente à queda. Outra questão a ser destacada é a perda do poder de ancoragem das expectativas, advinda da tolerância com a inflação acima da meta por um período excessivamente longo. O resultado disso foi um aumento no chamado custo de desinflação, que fez com que o BCB tivesse de ser mais conservador na condução da política monetária, para que fosse possível voltar a ancorar as expectativas.

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